quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Como trabalhar os temas transversais e a interdisciplinaridade?

É função da escola propiciar uma prática educacional que objetive a formação do indivíduo, pertencente a uma sociedade complexa – globalista, pluralista, mas também individualista – a que chamamos sociedade do conhecimento. Os temas transversais – indicados nos Parâmetros Curriculares Nacionais – pautados em uma educação comprometida com a cidadania - Ética, Pluralidade Cultural, Meio Ambiente, Saúde, Orientação Sexual, Trabalho e Consumo - , tratam de questões que buscam a compreensão e a crítica da realidade e a transformação da mesma. É preciso, portanto, incluí-los no ensino dos conteúdos das áreas de conhecimento escolar. Isso significa alargar o currículo, torná-lo mais flexível e aberto.
A descentralização do currículo, dando uma certa autonomia à escola, é discutível. Temos gestores capacitados e interessados em mudar o processo? A autonomia escolar é uma faca de dois gumes, quando existe vontade de fazer e competência, leva ao caminho do sucesso; no entanto, sabemos que quando não se é cobrado, não há muito interesse em mudar.
A proposta do currículo integrado é muito atraente, uma vez que contempla uma nova metodologia de ensino, totalmente diferente do que tem sido feito até agora. O estudo em "rede", explorando "idéias-chave", muda o conceito de currículo compartimentado, dando uma nova visão, mais abrangente, sobre os temas estudados.
Podemos sugerir como trabalhar atividades diversificadas através de um planejamento de uma unidade de estudo, que privilegia a educação plural. "O professor no momento de organização do ensino por unidades de estudo, unificados por um tema integrado, contempla a sensibilização para a resolução de problemas sociais cuja compreensão envolve o desenvolvimento de competências e habilidades necessárias ao tipo de planejamento de currículo.”
Através dos PCNs, é proposto o ensino de forma interdisciplinar e contextualizada. O currículo integrado através de unidades de estudo contempla de forma positiva a questão da interdisciplinaridade, que é simplesmente ter uma visão global de cada disciplina. Infelizmente, não costumamos trabalhar de forma contextualizada em nossas escolas. Veja por exemplo, a disciplina geografia: Temos todos os elementos, em cada uma de nossas cidades para trabalhar, mas não o fazemos: clima, relevo, taxas de natalidade/mortalidade, rios, desenvolvimento urbano/rural, produção agrícola/pecuária, etc...., mas não levamos isso para a sala de aula.
Cabe à escola buscar mobilizar os docentes no sentido de organizar os conteúdos em torno das temáticas escolhidas, dentro de uma concepção interdisciplinar. Buscar, pois, trabalhar sobre o que veiculam jornais, revistas, livros, fotos, charges, propagandas ou programas de TV é uma forma de discutir valores e papéis sociais. Por exemplo, veiculada por Veja – 29 de março de 2006 – O “Pallocigate” e a Morte da Ética é excelente reportagem para discussão do que é ética e quais valores são ainda estimados pela sociedade hoje – seguida de 40 questões do dia-a-dia sobre o que é certo ou errado. Vale a pena conferir junto aos alunos.
Outro item por demais importante, que vem sendo pouco trabalhado, é a transversalidade, tão necessário nos dias de hoje. Achamos que poderiam ser desenvolvidos projetos, nas áreas de educação, saúde, trabalho, sexualidade, abordando os inúmeros sub-temas dessas áreas.
Resta, finalmente, falarmos um pouco sobre esquemas mentais. Nós, professores, sabemos que a leitura é o fundamento principal da educação. Através dela abrimos espaços em nossas mentes para vermos além do visível, para aprendermos a transcendência das coisas, para adquirirmos sensibilidade. É por aí que se constrói a autonomia e a emancipação. Assim, poderíamos pensar num currículo que privilegiasse não apenas a técnica e a lógica, mas também, a inteligência, o raciocínio, a cultura e a sensibilidade.

Por Rosalva Girão

Nenhum comentário:

Postar um comentário