quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

SUGESTÃO DE ATIVIDADE INTERDISCIPLINAR : Plano de Aula

Tema : Literatura de Cordel

Competência / Habilidade

• Ler, interpretar e reconhecer diferentes gêneros textuais, associando-os às seqüências discursivas básicas.

• Atentar para os diferentes gêneros textuais e suas finalidades, para compreender as funções sociais da escrita em situações reais de comunicação.


Conteúdo
• Leitura de texto da literatura de cordel.

• Leitura de textos produzidos por outros autores e atividade de produção escrita pelo aluno.

Metodologia

• Conversando sobre cordel.
• Conhecendo Seu Lunga – figura hilária que reside em Juazeiro do Norte e ficou nacionalmente conhecido por suas respostas inteligentes, mas ditas de forma bastante ignorante.
• Leitura do cordel: “Seu Lunga, O rei do mau humor” de Rouxinol do Rinaré.
• Interpretando o texto.
• Discussão sobre convivência em sociedade.
• Produção textual.

Avaliação

• Observação do desempenho do aluno, tanto no que diz respeito à dimensão cognitiva, quanto às dimensões afetiva e psicomotora.
• Observação do desempenho do aluno, relacionada a atividade oral – leitura do cordel e atividade de escrita – produção textual.




Reflexão


A literatura de cordel é uma tradição ibérica dos romanceiros, das histórias de Carlos Magno e dos Doze Pares de França e outros grandes livros populares. Originou-se também de contos maravilhosos de ”varinha de condão”, de bichos falantes, de bois – sobretudo na região nordestina onde se desenvolveu o “ciclo do gado”, e ainda das histórias do folclore universal e africano.
Os cordelistas precederam os jornalistas por este sertão afora. Esse gênero literário antecedeu o jornal, o rádio e a televisão. Os cantadores ambulantes reproduziam histórias e improvisos transmitindo notícias em vários lugares. Os cordéis eram lidos nas noites de lua clara nos engenhos do Nordeste do Brasil.
Os temas abordados nos cordéis são inúmeros e variados, pode ser uma história de amor, de política, acontecimentos importantes, narrar feitos de heróis, de cangaço, cômicos ou eróticos. Esses desafios são escritos em versos populares, geralmente de sete sílabas. A literatura de cordel é assim chamada pela forma como são vendidos os folhetos, dependurados em barbantes, nas feiras, praças ou bancas de jornal. É respeitada no mundo inteiro. No Nordeste brasileiro, ela está cada vez mais viva, vasta e criativa, uma vez que o nordestino é um obstinado e essa literatura tem o seu espaço apesar dos obstáculos que enfrenta.
É viável trabalhar a literatura de cordel em sala de aula. Isso faz sair do automatismo dos livros didáticos acríticos, repletos de conteúdos impostos, alheios às culturas regionais e adotados sem critérios didático-pedagógicos. No cordel, universalizam-se as informações, abrangendo múltiplos temas repletos de grandiosidade expressiva. Através dele, o aluno tem contato com a rima, a métrica e o ritmo poético, conhecendo uma história camuflada pelos livros didáticos tradicionais. Além disso, desenvolve o senso crítico, facilita a leitura e a compreensão de textos, desperta a criatividade poética, sendo um recurso pedagógico muito eficaz.
A literatura de cordel é interdisciplinar: integra a música, a poesia e as artes plásticas. Urge criticar os livros didáticos que ainda sufocam nossa cultura. Abolir esse material, se utilizado como único instrumento pedagógico, de péssima qualidade educacional e implantar o cordel que é repleto de originalidade e riqueza de linguagem. Estudar cordel aperfeiçoa a escrita e permite refletir sobre a diferença entre as línguas falada e escrita. Aproxima os estudantes da cultura popular e amplia o prazer da leitura. Enfim, explorar a literatura de cordel em nossas salas permite que redescubramos nossos valores, mitos, origens, crendices e valorizemos mais nossa cultura.



Bibliografia

Diário do Nordeste - Regional – Fortaleza, Ceará, 10 de agosto de 2003.

Nova Escola. ABRIL Ano XXI – Nº 198 - Dezembro de 2006.

Referenciais Curriculares Básicos – Ensino Médio. Fortaleza, 2000.

SILVA, Maria Eglantina Barata da Fortaleza. Metodologia do Ensino da Literatura em Língua Portuguesa II. FGF, 2007.



Webliografia

www.rinare.hpg.ig.com.br/seulunga.html


http://209.85.165.104/search?q=cache:jwhx2mm7HbMJ:www.overmundo.com.br/download_banco/lyra-popular-o-cordel-de-juazeiro-livro-de-gilmar-de-carvalho+seu+lunga+o+rei+do+mau+humor&hl=pt-BR&ct=clnk&cd=10&gl=br

Seu Lunga - O Rei do Mau-humor


Folheto onde Rouxinol do Rinaré narra o mau-humor ilariante do homem mais zangado do mundo! Seu Lunga, personagem real de Juazeiro do "Padim Ciço", tornou-se um folclore vivo; sendo entrevistado até pelo Fantástico, da Rede Globo de Televisão. O Folheto tornou-se campeão de vendas de todos os editados pela Tupynanquim Editora. Leia alguns trechos a seguir:


Preste o leitor atenção
Tudo que narro é passado
Escrevo sobre Seu Lunga
Depois de ter pesquisado
Perguntas lhe causa arenga
Fica "fumando numa quenga"
Pense num velho afobado!

Em Juazeiro, Ceará
Conhecido em todo Estado
Vive o velho Seu Lunga
Já é folclórico e afamado
Sendo porém bem real
Já tem fama nacional
De rude e mal-humorado.

Um prato de sopa quente
Seu Lunga estava comendo
Um amigo lhe pergunta:
- O que você tá fazendo?
Responde: - Estou me banhando
No próprio corpo virando
Aquela sopa fervendo.

Um limão Seu Lunga corta
Pergunta um menino então:
- O que é isso Seu Lunga
Que o senhor tem na mão?
Diz como louco em delírio:
- Menino, isto é colírio!
No olho espreme o limão.

Com um balde cheio de leite
Seu Lunga vem da fazenda
Um amigo lhe pergunta:
- Esse leite é para venda?
Responde e faz presepada:
- É pra lavar a calçada,
E derrama a encomenda!

Seu Lunga sobre o telhado
Alguém diz: - Tá retelhando?
Ele responde invocado:
- Não, eu estou é quebrando!
Usa com força o martelo
Transforma tudo em farelo
As telhas esbagaçando

O Seu Lunga no balcão
Nunca foi nem é cortês
Bruto com os seus clientes
Imaginem pois vocês
O que Seu Lunga falou
Quando um freguês lá chegou
E perguntou certa vez:

- O Seu Lunga tem veneno?
(A ira do velho dobra)
- Aqui nunca falta nada
Eu tudo tenho de sobra
Para atender me empenho
Porém, veneno não tenho.
Pois quem tem veneno é cobra!

- Ora, é remédio pra rato
O que eu estou querendo!
O velho Lunga pergunta-lhe
Agora se enfurecendo:
- O que o rato está sentindo?
O freguês dali saindo
De raiva vai se mordendo.

Assim é o velho Lunga
Com quem faz pergunta à toa
Sua tolerância é pouca
Facilmente se magoa
Fica igual bicho enjaulado
Seu Lunga contrariado
O tempo fecha e trovoa.
Por Rosalva Girão

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